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sexta-feira, 15 de março de 2013

POESIA TAMBÉM É PROGRAMA DE ÍNDIO



Data: 14 março 2013 - Hora: 17:21 - Por: Dani Pacheco
Jornal de Hoje
fotos: Lenilton Lima
Poesia é a forma de expressar e transmitir sentimentos, emoções e pensamentos. Poesia pode ser cantada, pintada, recitada. Pode ser estática, pode ser movimentada. E, neste 14 de março, aniversário do Poeta Castro Alves e Dia da Poesia, será realizado na comunidade Mendoça do Amarelão, em João Câmara/RN, o evento “Poesia também é programa de Índio”.
O Amarelão é uma das comunidades indígenas que junto com outras quatro que também são reconhecidas pelas instituições indígenas e governamentais pedem demarcação de suas terras no Rio Grande do Norte. “Infelizmente os Mendonça e as outras famílias que pedem o reconhecimento, vivem no esquecimento dos governantes e amargam a morosidade da justiça”, conta o fotógrafo Lenilton Lima para O JORNAL DE HOJE.
Segundo os moradores mais antigos os Mendonça são descendentes da etnia Potiguara do Brejo de Bananeiras da Paraíba e vieram dessa região há mais de dois séculos. Nessa época eles migraram da Paraíba para o Rio Grande do Norte, por motivos ocasionados pelas epidemias de cólera, secas, expansão colonial, entre outros.
Segundo afirmação de Tayse Campos, líder da comunidade, o nome “Amarelão” vem de um antigo ritual que os Mendonça praticavam na Serra do Torreão (Serra próxima da comunidade). Esse ritual se dava por volta das três horas da manhã, quando eles subiam a serra e aguardavam a chegada do Sol. Depois de contemplar o nascimento do Sol, eles cantavam e dançavam na descida da serra, pois tinham ido buscar o “Amarelão”. E isso traria sorte para a Aldeia.
“A ideia do evento é realizar uma grande festa regada pelas manifestações culturais populares. Além do Toré, o Boi de Reis Calemba Pintadinho e o forró Pé de Serra do mestre Damião Rabequeiro fazem parte da programação. O mestre Dedé do Boi de Reis hoje vive em São Gonçalo, mas é filho dos Amarelão, por isso, essa troca de costumes e a inserção de poesia na comunidade”, disse o fotógrafo.
O evento é uma realização coletiva da Associação Comunitária Amarelona (ACA), do Programa Motyrum de Educação Popular em Direitos Humanos e da República das Artes – Ponto de Cultura Boivivo. A ação tem como objetivos estimular a criatividade artística dos sujeitos envolvidos e valorizar as manifestações culturais dos Indígenas do Amarelão, bem como proporcionar o intercâmbio entre universitários e comunidade para que juntos construam novos saberes.
“Hoje em dia, os Mendonça, embora ocupem espaços diferentes, ampliaram as redes de parentesco, incluindo novos valores culturais sem no entanto, perderem os laços de afinidade. Esse grupo familiar se expandiu para outras localidades a exemplo do Assentamento Santa Terezinha que foi o fruto da luta dos Mendonça e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras (MST) na década de 90. A família se expandiu para o Serrote de São Bento, Cachoeira (Nova Descoberta) e até em Natal, em Cidade-Praia ou Amarelão Novo na zona Norte”, destaca Lenilton.
O fotógrafo Lenilton Lima conta que conheceu a comunidade indígena do Amarelão no início dos anos 90, “na época me deparei com os caboclos trabalhando em uma padaria. Estavam tirando uma bandeja de pão do forno, não me recordo se era a primeira fornada, mas a alegria e o entusiasmo eram como se fosse. Nessa época eu estava fazendo um trabalho fotográfico para o MST e os Mendonça (família que deu origem ao Amarelão), estava sendo recrutados para ocuparem as terras onde hoje é o assentamento Santa Terezinha”.
Mas, em 1995 quando fazia uma cobertura fotográfica para o MST, Lenilton foi alvejado por um tiro na perna em uma reintegração de posse de terra na fazenda Vale da Esperança em Rio do Fogo/RN. “Um ano de cama, muito confuso com a violência no campo, ameaçado de morte e depois meu afastado do MST por não concordar com atitudes de alguns líderes da época. Mesmo visitando os amigos acampados e assentados me afastei naturalmente de algumas comunidades. No ano de 2001, a convite do professor Aucides Sales e depois da antropóloga Jussara Galhardo eu voltei a frequentar o Amarelão. E, o que me encanta nesses índios é a força, a perseverança em nunca desistir de lutar pelo reconhecimento do seu povo e de sua cultura”, lembra.
A programação especial para comemorar o Dia da Poesia começa com um Sarau Poético estimulado pelo ator Rodrigo Bico; conta com a exposição fotográfica de Lenilton Lima; a Oficina ‘Cantinho da Poesia’ poética com as crianças); Trilha das letras (Caminho das inscrições rupestres e pedra do sino); Oficina de stencil e muralismo e uma mostra de vídeos. E, para encerrar o dia, acontece o Toré do Amarelão, a apresentação do Boi de Reis: Calemba Pintadinho e no final da noite tem o forró Pé de Serra do mestre Damião Rabequeiro.















































Um comentário:

  1. MAITEÍ, CABOCLO...
    Preciso de algumas fotos destas em meus blog... tres... me diga aí...

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